Nesta tarde do dia 25 de junho de 2014, os conselheiros do
COMUT (Conselho Municipal de Transportes) se reuniram na Destra (Autarquia de
defesa social trânsito e transporte) para votarem o aumento de passagem dos
ônibus de Caruaru – Pe.
O início desse encontro foi marcado pelo silêncio e a
indiferença da maioria dos seus integrantes. A voz que começou a romper com
essa omissão foi a do conselheiro Milton Manoel, representante do SINDECC
(Sindicato dos empregados no comércio de Caruaru), que foi fortalecida pela
UESC (União dos estudantes secundaristas de Caruaru) e pelo grupo feminista
MMMa (Marcha Mundial das Mulheres - Agreste). Ambos reagiram diante dos rumos da
reunião gritando palavras de ordem, como: “O povo não é bobo, aumento de
passagem é roubo.”; “Não me leve a mal, este conselho é ilegal.”; “Não vai ter
golpe.”, expondo a ilegitimidade do conselho, visto que muitos dos integrantes
não apresentaram as documentações necessárias para a representatividade do
conselho, assim como a não publicação pela prefeitura dos conselheiros diante
da sociedade civil, informe exposto por Milton Manoel. Além disso, duas
votações anteriores já ocorreram, porém o executivo não havia sancionado ou
vetado nenhuma das duas.
O encontro seguiu com os encaminhamentos do presidente do
conselho o Cel. Jaílson, mesmo diante das intervenções do SINDECC, que
denunciava a ilegalidade da votação a todo instante e informava também que
havia sofrido ameaças por parte de alguns integrantes do conselho.
O Cel. Jaílson insistentemente colocava em pauta a votação
do aumento da passagem, até que os representantes dos movimentos sociais
começaram a expressar suas opiniões sobre a ilegalidade da votação, solicitando
o adiamento da votação, para que a sociedade civil discutisse a proposta. A
UESC pontuou que não há qualidade no transporte público e que o aumento iria
prejudicar todos os estudantes. A MMMa reforçou essa fala denunciando a
superlotação dos ônibus, principalmente os que vão para a UFPE. As feministas
leram também um texto que relatava o porquê da MMMa ser contra o aumento da
passagem ( https://www.facebook.com/atonamidia/posts/769894153032367
). Durante a leitura do texto, a integrante do conselho Elizabete Costa, do
Sindicato dos trabalhadores de ônibus, começou a rir, o que levou a uma reação
imediata da MMMa, que expôs a falta de respeito da conselheira diante das
situações de violências, inclusive sexuais, que as usuárias de transporte
público sofrem.
A MMMa e a UESC prosseguiram batucando e gritando palavras de
ordem, e solicitavam que os conselheiros se pronunciassem, pouco a pouco os
integrantes começaram a falar, uns contra, outros a favor do aumento. Diante
dessas falas, os movimentos sociais rebatiam os argumentos capitalistas que
visavam o aumento da passagem alegando gastos com as folhas de pagamento;
melhorias posteriores no transporte; dificuldade em aumentar a frota, alegando
que a cidade não comporta mais ônibus, etc.
Mesmo diante de todas as contestações, o Cel. Jaílson
colocou em pauta a votação do aumento e caso o conselho fosse a favor do
aumento definiriam de quanto seria o valor da passagem. Neste momento, uma
enorme batucada e palavras de ordem tomaram conta da sala e os conselheiros
votaram cochichando um no ouvido do outro, após a pausa da manifestação dos
movimentos sociais presentes, os integrantes contrários votaram, somando 3
votos contra 7. Os que votaram a favor do aumento de passagem foram: Moureira
(Sindicato dos taxistas), Elizabete Costa (Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas de Ônibus), Hendrickson Santos (Associação do Transporte Alternativo),
Lucy (Associação de Cegos de Caruaru), Ricardo Henrique (Associação das
Empresas de Transportes de Passageiros de Caruaru), Denis Chaves (Secretária de
Infraestrutura da Prefeitura de Caruaru), Marcio Fernando (Coopermotoagreste
Agreste). Os que votaram contra o aumento de passagem: Milton Manoel (Sindicato
dos Empregados no Comércio de Caruaru), Pedro Tiago (Associação de Moradores do
Bairro da Rendeiras) e Emerson Silva (União dos Estudantes de Pernambuco).
Um enorme levante ocorreu impedindo a compreensão do valor a
ser votado, R$ 2,10, e mais uma vez, a votação se deu “ao pé do ouvido”, numa
cena patética remetendo à brincadeira de criança do telefone sem fio. Os três
integrantes que votaram contra, alegaram não compactuar com esse tipo de
manobra.
Mais uma vez, a ilegalidade se fez presente e a votação
terminou com a saída imediata e silenciosa dos integrantes do COMUT, que
esvaziaram a sala deixando para trás os gritos de indignação da sociedade
civil.
ATONA mídia
Video:
Fotos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário