quinta-feira, 26 de junho de 2014

Sete conselheiros do COMUT se silenciam diante da ilegalidade e votam a favor do aumento de passagem de ônibus, em Caruaru.

Nesta tarde do dia 25 de junho de 2014, os conselheiros do COMUT (Conselho Municipal de Transportes) se reuniram na Destra (Autarquia de defesa social trânsito e transporte) para votarem o aumento de passagem dos ônibus de Caruaru – Pe.

O início desse encontro foi marcado pelo silêncio e a indiferença da maioria dos seus integrantes. A voz que começou a romper com essa omissão foi a do conselheiro Milton Manoel, representante do SINDECC (Sindicato dos empregados no comércio de Caruaru), que foi fortalecida pela UESC (União dos estudantes secundaristas de Caruaru) e pelo grupo feminista MMMa (Marcha Mundial das Mulheres - Agreste). Ambos reagiram diante dos rumos da reunião gritando palavras de ordem, como: “O povo não é bobo, aumento de passagem é roubo.”; “Não me leve a mal, este conselho é ilegal.”; “Não vai ter golpe.”, expondo a ilegitimidade do conselho, visto que muitos dos integrantes não apresentaram as documentações necessárias para a representatividade do conselho, assim como a não publicação pela prefeitura dos conselheiros diante da sociedade civil, informe exposto por Milton Manoel. Além disso, duas votações anteriores já ocorreram, porém o executivo não havia sancionado ou vetado nenhuma das duas.

O encontro seguiu com os encaminhamentos do presidente do conselho o Cel. Jaílson, mesmo diante das intervenções do SINDECC, que denunciava a ilegalidade da votação a todo instante e informava também que havia sofrido ameaças por parte de alguns integrantes do conselho.

O Cel. Jaílson insistentemente colocava em pauta a votação do aumento da passagem, até que os representantes dos movimentos sociais começaram a expressar suas opiniões sobre a ilegalidade da votação, solicitando o adiamento da votação, para que a sociedade civil discutisse a proposta. A UESC pontuou que não há qualidade no transporte público e que o aumento iria prejudicar todos os estudantes. A MMMa reforçou essa fala denunciando a superlotação dos ônibus, principalmente os que vão para a UFPE. As feministas leram também um texto que relatava o porquê da MMMa ser contra o aumento da passagem ( https://www.facebook.com/atonamidia/posts/769894153032367 ). Durante a leitura do texto, a integrante do conselho Elizabete Costa, do Sindicato dos trabalhadores de ônibus, começou a rir, o que levou a uma reação imediata da MMMa, que expôs a falta de respeito da conselheira diante das situações de violências, inclusive sexuais, que as usuárias de transporte público sofrem.

A MMMa e a UESC prosseguiram batucando e gritando palavras de ordem, e solicitavam que os conselheiros se pronunciassem, pouco a pouco os integrantes começaram a falar, uns contra, outros a favor do aumento. Diante dessas falas, os movimentos sociais rebatiam os argumentos capitalistas que visavam o aumento da passagem alegando gastos com as folhas de pagamento; melhorias posteriores no transporte; dificuldade em aumentar a frota, alegando que a cidade não comporta mais ônibus, etc.

Mesmo diante de todas as contestações, o Cel. Jaílson colocou em pauta a votação do aumento e caso o conselho fosse a favor do aumento definiriam de quanto seria o valor da passagem. Neste momento, uma enorme batucada e palavras de ordem tomaram conta da sala e os conselheiros votaram cochichando um no ouvido do outro, após a pausa da manifestação dos movimentos sociais presentes, os integrantes contrários votaram, somando 3 votos contra 7. Os que votaram a favor do aumento de passagem foram: Moureira (Sindicato dos taxistas), Elizabete Costa (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Ônibus), Hendrickson Santos (Associação do Transporte Alternativo), Lucy (Associação de Cegos de Caruaru), Ricardo Henrique (Associação das Empresas de Transportes de Passageiros de Caruaru), Denis Chaves (Secretária de Infraestrutura da Prefeitura de Caruaru), Marcio Fernando (Coopermotoagreste Agreste). Os que votaram contra o aumento de passagem: Milton Manoel (Sindicato dos Empregados no Comércio de Caruaru), Pedro Tiago (Associação de Moradores do Bairro da Rendeiras) e Emerson Silva (União dos Estudantes de Pernambuco).

Um enorme levante ocorreu impedindo a compreensão do valor a ser votado, R$ 2,10, e mais uma vez, a votação se deu “ao pé do ouvido”, numa cena patética remetendo à brincadeira de criança do telefone sem fio. Os três integrantes que votaram contra, alegaram não compactuar com esse tipo de manobra.

Mais uma vez, a ilegalidade se fez presente e a votação terminou com a saída imediata e silenciosa dos integrantes do COMUT, que esvaziaram a sala deixando para trás os gritos de indignação da sociedade civil.


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